segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ritual

Pra que sonhar
A vida é tão desconhecida e mágica
Que dorme às vezes do teu lado
Calada

Pra que buscar o paraíso
Se até o poeta fecha o livro
Sente o perfume de uma flor no lixo
E fuxica

Tantas histórias de um grande amor perdido
Terras perdidas, precipícios
Faz sacrifícios, imola mil virgens
Uma por uma, milhares de dias

Ao mesmo Deus que ensina a prazo
Ao mais esperto e ao mais otário
Que o amor na prática é sempre ao contrário
Que o amor na prática é sempre ao contrário

Ah, pra que chorar
A vida é bela e cruel, despida
Tão desprevenida e exata
Que um dia acaba...

Será que sempre é ao contrário mesmo?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Formato Mínimo - Skank

Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica

terça-feira, 14 de abril de 2009

Páscoa...

"Feliz Páscoa!" "Cadê meu ovo de chocolate?"

Expressões como essas são completamente comuns nessa época de Páscoa. A fraternidade que é comum das pessoas (em algumas não é), vem à tona. Mas aí, surge uma pergunta que muitas pessoas se fazem e não a fazem por medo e/ou por terem medo das respostas que possam ser colocadas: será que todos ainda têm noção do que é a Páscoa mesmo?

O que mais recebi nesse feriadão foram pedidos de chocolate e desejos de boa Páscoa. Recebi convites também para sair, viajar, se divertir. Entretanto, fico me perguntando se, realmente, seria para comemorar a data. Como cristãos, sabemos que essa data é para comemorar a ressurreição de Cristo, que morreu três dias antes para libertar a terra do pecado e fazer com quem todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (baseado em João 3:16). Então, como cristãos, devemos respeitar a data e lembrar esse feito, certo? Isso não aconteceu muito não... Graças aos meios de comunicação, esse significado foi se perdendo na estrada. Hoje, feriados significam farra, curtição e afins. É até chato ver algumas coisas que explicitam o que estou falando: quem tem orkut, não vai ser difícil encontrar fotos com as seguintes legendas: "semana santa nada santa"; "feriado nada santo", etc. Vemos assim que as pessoas que se dizem cristãs perderam a noção do que foi feito por nós no passado por Jesus.

Outra coisa que queria deixar meu comentário e minha crítica é sobre a famosa "malhação do Judas". É uma tradição popular, como nós sabemos, que representa a traição de Judas Iscariotes que levou a crucificação de Jesus. Sabemos que isso já foi pré-determinado. Jesus sabia que ele seria traído, estava tudo traçado nos planos de Deus. E as pessoas, "revoltadas" com a traição de Judas, fazem um boneco que o simbolizam e espacam. Será que seria uma forma de manifestar amor à Cristo? Se pararmos para pensar, será que nós não traímos Jesus todos os dias? Judas traiu por 30 moedas de ouro e uma só vez. Nós traímos da pior maneira, que é pecando e, em alguns casos, renegando à Deus. E todos os dias. Não seria o caso de sermos malhados também? Essa hipocrisia de dizer que só Judas que traiu, é a maior baboseira que existe. Traímos à todo momento. Sejamos malhados também.

Enfim, por isso que muitas pessoas não perguntam o que significa a Páscoa. Elas acabam por se encaixar nesses perfis que descrevi. E, como é comum à todos, ouvir a verdade não é muito bom, às vezes, dói. Agora, quem será malhado sou eu...

sábado, 4 de abril de 2009

reality show's...

Contagem regressiva! O final está próximo! O ciclo está no fim! Sim, mas o que?

Estive lendo o blog de um amigo meu, que criou uma teoria a respeito da criação dos reality show's. E é muito interesante a sacada dele... Ele associou a rotina dos conjuntos, das vizinhanças e dos cortiços populares com a criação destes show's do ridículo humano. Nossa essência de "fofoqueiro" acabou por criar esses programas, afinal, ninguém deixa de ver um programa. Enfim, não quero plagiar a idéia dele. Mas queria mesmo falar do que será o resto do ano sem o BBB. O que se pode esperar do povo que assiste o BBB quando este acabar? Alguém se arrisca a falar?

Qual é o assunto mais freqüentes naquelas tradicionais rodinhas, sejam elas de homens (falando das mulheres gostosas do programa), das velhinhas que sentam na porta de suas casas (comentando da falsidade dos jogadores e sendo falsas como eles), dos guris e gurias (que apontam quem é o melhor para ganhar o prêmio)... Enfim, qualquer lugar que possamos correr, escutaremos aquelas conversas completamente sem conteúdo. Será que depois do término desse ciclo vicioso (o BBB virou um ciclo vicioso, se prestarem atenção), as conversas se tornarão menos desinteressantes?

Pode ser que sim, pode ser que não. Primeiro: depois do esgotamento de um assunto, logo procuramos explorar outro assunto mais "interessante" para colocar em pauta. É certo isso. Aquelas discussões sobre o futuro do nosso país (leia-se: nossa existência nessa selva) ficaram com o mofo dos arquivos antigos dos tempos mais explosivos, como os da época ditadurista. Ninguém quer saber. A lavagem que a propaganda dos partidos que, infelizmente, nos guiam como bois dentro de um curral, é muito bem-feita, para não vermos a imundície que é a nossa política. E o BBB está no meio dessa estratégia de varrer a sujeira para debaixo do tapete.

Segundo: a programação sempre dá um jeito de colocar outra viseira nas suas marionetes. Todas aquelas notícias maquiadas das sujeiras governamentais são logo cobertas com o entretenimento aparentemente "inocente". Novelas, minisséries, seriados, programas de comédia, filmes... Tudo vale para tentar no manter sob seu controle. E o que fazemos? Apenas assistimos, literalmente. Afinal, rir é o melhor remédio. É como diz Gabriel, o Pensador: "E é inútil tentarmos abrir os olhos do povo, porque se um abre os olhos, mil olhos fecham de novo". Ah, tempos áureos que eram os das discussões... Acho que nasci na época errada.

Bom, aos que assistem e gostam do BBB, me desculpem, entretanto não posso deixar de manifestar minha opinião à respeito do que acontece, e nem posso deixar de exclamar minha felicidade em saber que esse ciclo vai acabar. De novo, aproveitarei mais um ano longe daquela musiquinha chata...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

sobre a falsidade...

Temos conceitos sobre falsidade que beiram o parecido e têm quase que concordâncias no final. É quase uma unanimidade: a falsidade é algo completamente asqueroso. Fora quem proclama não ser hipócrita, no entanto caba por demonstrar o contrário. Esse é o pior "tipinho" de gente. Enfim...

Esse fim-de-semana, vivi dias fantásticos. Saí sexta com a minha "junta", passei uma noite completamente perfeita junto dela. Depois de uma bela noitada, volto para casa às 07:30h da manhã, com sono, mas tendo que viajar para Vila dos Cabanos, para o aniversário da minha tia. Festa surpresa, organizada pela minha mãe e suas irmãs. Mamãe tem a brilhante idéia de chamar uma amiga nossa para fazer voz e violão com meu irmão, música de boa qualidade. Entretanto, meu mano tem a "brilhante" idéia de chamar seus amigos (ou "amigos", se posso dizer assim...). - É para montar uma coisa legal - alegou ele. Enfim, meio contrariada, minha mãe concordou.

Chegamos em Barcarena. Eu estava morrendo de sono, ainda naõ tinha nem dormido direito e a bateria do meu celular tinha acabado de tanto escutar música. Tods se arrumaram e foram farrear com a minha tia. Foi tudo muito bom: a comida, muita cerveja e boa música e belíssimas risadas. Beirou a perfeição. Os guris comeram e beberam à vontade, comes e bebes de graça, até eu aproveitaria. Domingo à tarde, viemos embora.

Durante a viagem, eu estava entretido com a música do meu celular, pois odeio escutar conversa alheia, todavia, minha cunhada estava com ouvidos atentos para qualquer tipo de comentário. Não deu outra: os "amigos" do meu irmão começaram a falar baboseiras da minha família. Por quê que eu estava escutando música naquela hora? Afinal, meu irmão para defender sua família é a mesma coisa que pedir para uma parede escrever um blog. Enfim...

Quando minha mãe chega em casa, minha cunhada logo conta o que tinha escutado. Abrindo um parêntese, não caracterizo isso com fofoca, afinal, é completamente absurdo você levar alguém para seu meio familiar e este começar a falar mal. Se falaram mal, temos que apontar sim. Voltando ao assunto, minha mãe ficou completamente indignada, afinal, eles sempre vão em casa, já dormiram lá, bebem da nossa cerveja e comem da nossa comida. Por quê seriam tão idiotas de ficar falando? Minha mãe cobrou isso de meu irmão e, como sempre, ele os defendeu. Mais indignante ainda, acobertar a falta de noção alheia é burrice e é um pedido para levar uma punhalada.

Depois sou chamado de metido ou algo parecido. Como é de se esperar, não falam na minha frente, afinal, a covardia dos hipócritas é algo completamente vergonhoso e nojento. É, prefiro ser assim mesmo, metido e arrogante. Afinal, dessas pessoas, prefiro a companhia de uma parede, pelo menos ela não demonstra algo que não é. Fica estática, inerte e não corro o risco de ser apunhalado. Vou ficar em casa da próxima vez...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

sonhos...

Esses dias eu andei escutando muita música. É de conhecimento de todos da minha paixão louca pela música. Mas duas me chamaram a atenção por dois excertos: "Como nossos pais" do grande cantor e compositor Belchior, e "Whisky a go-go" do Roupa Nova.

Sim, eu sei que ambas não têm nada a ver uma com a outra. Mas como falei, delas, eu fiquei pensando em apenas dois trechos. Afinal, eu adoro interpretar. Aí vai um trecho: "Lembrar você que um sonho a mais não faz mal..." Parece ser simples. A primeira vista, não tem nada que se possa extrair. Entretanto, eu me fiz uma pergunta: Um sonho a mais faz bem mesmo?

Eu sou (ou fui) uma pessoa sonhadora. Sonhadora até demais, daqueles que dormiam no meio da aula para ficar pensando naquelas utopias que se pensa de noite, em meio o sono e o sereno noturno. Aí, tomava essa parte da música uma filosofia de vida. Sonhava, imaginava, fantasiava até... Mas, cadê aquele esforço para tornar tudo aquilo em realidade? Eu pensava que tudo se tornaria realidade, mas que eu não precisava mover uma palha para que tudo se concretizasse. Preferia mesmo viver abstratamente.

Mas é só crescer e envelhecer para tudo mudar. A começar pela maneira de pensar... Aquela criança "besta" já havia deixado de existir. Os sonhos haviam desaparecido, a utopia não me enchia mais os olhos. É, eu tinha acordado para a vida.

Agora, o que faço? Os sonhos tinham agora que virar realidade, pelo menos 10% daquilo que imaginava quando criança. Só que ficar parado já não poderia mais, seria infantilidade não fazer nada... A partir daí que entra o outro excerto: "Viver é melhor que sonhar..."

Comentava noutras conversas o quanto tinha apanhado por pensar daquele jeito. Eu queria insistir em esperar o que pensei, no entanto, ninguém deixava mais. As cobranças impostas foram crudelíssimas. É, comecei a viver a realidade. Sonho cruel ela é.

Mas depois aprendi uma coisa. Realmente, viver é melhor que sonhar. Afinal, tentar realizar nossos sonhos é melhor do que ficarmos esperando ele se auto-realizar. Eu fui tentanto realizá-los da minha maneira, e os resultados foram até melhores do que tinha imaginado outrora. Saber viver o sonho é melhor ainda, pois se deixarmos ele apenas passar, as desilusões serão inevitáveis.

Enfim, eu sei que eu viajei e muito. Entretanto, sei que não sou a única pessoa que tem essa mesma linha de raciocínio. Bom, deixa eu tentar viver.