quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pensando a esquerda...

Muito se discute sobre o que é a esquerda no Brasil, seja ela em todos as classes (trabalhadora, estudantil, etc). E muitas análises são feitas, se ela está em ascenção ou decadência. Então,se faz necessário pensar um pouco o que o movimento esquerdista foi e o que ele é atualmente no Brasil.

Uma análise bastante comum, feitas por alguns camaradas de determinadas tendências esquerdistas é a de que o Movimento de Esquerda está em crescimento, pois ele acreditam que, com a crise da Zona do Euro (coia bem recente mesmo), estão estourando levantes da classe trabalhadora em alguns países. Greves gerais estão acontecendo, pessoas paralisando nações. sim, isto é fato. Entretanto, será que esta análise diz toda a realidade? Será que a população dos países que estão em crise entende que toda a realidade que eles estão passando é por conta do modelo de sociedade vigente no mundo, que é o Capitalismo, ou é porque eles não querem perder seus salários, não querem ter prejuízos pessoais dentro de suas casas? A análise que outras tendências de esquerda fazem é a de que ainda não há a consciência da base de que o sistema vigente é o responsável por todas essas crises e, consequentemente, das mazelas sociais que grande parte da população mundial sofre.

Outro ponto que se discute: Que crise que se passa dentro do movimento esquerdista hoje? Será que a crise é de direção ou de base? Quem dará os rumos de uma futura revolução? Isso se merece fazer uma análise bem sucinta, a partir do que já foi dito anteriormente. Primeiramente, quem pode dizer com propriedade sobre as mazelas sociais provocada pelo Capitalismo? Direção ou base? Creio que seja a base, afinal, é uma realidade que caminha junto com a população. Não tem como escapar disso. Vemos isso desde quando se sai para comprar pão em uma padaria na esquina, ou quando saímos por dentro da cidade. Não tem como não ver a realidade crual que o Capitalismo mantém. Outro ponto: Como a direção dará rumos para a base, se ela mesma não têm consciência da sua realidade (por mais que ela veja isso diariamente)? Será que não deveria haver o trabalho nesta base, para fazê-la ver que essa realidade não pode ser encarada como normal, e de que é necessário que haja sim uma mudança desse sistema que procura sempre dividir a população em classes, com discrepâncias absurdas? Então, se faz necessário um esclarecimento para o povo, sendo que esse trabalho não é feito da noite para o dia. Não tão fácil quanto fazer um café. Entretanto, é a estratégia mais coerente diante da atual conjuntura, mostrando que é necessário uma organização coletiva, para poder quebrar com esse sistema.

Sendo assim, essas análises precisam ser feitas entre os próprios camaradas que militam dentro da Esquerda. Se um dia chegar o momento em que a união das tendências de esquerda ocorrerá, então, certamente, haverá sim a tão esperada revolução.

terça-feira, 11 de maio de 2010

UEPa: Um "escolão".

O sonho de grande parte dos jovens que têm acesso à esducação (independetemente de ser pública ou privada), sonham em entrar dentro de uma Universidade. Entretanto, esse sonho não é acessível à todos que querem, mas sim, infelizmente, para os que podem, por conta de governantes que transformam o direito à educação de qualidade em mercadoria.

Aos que conseguem esse acesso, entram dentro de uma Universidade pensando que tudo muda. E realmente, muita coisa muda mesmo, principalmente para quem sai de uma escola privada para uma Universidade Pública. Mas no caso da UEPa, não é muita coisa que muda. A começar pelas mentalidades e pelos valores que são trazidos dessas escolas e que muita gente faz questão de manter dentro da UEPa: completo desinteresse pelas causas sociais (luta trabalhista, problemas da sociedade em si que afetam em sua vida acadêmica, falta de materiais, dentre outros). Essa política de despolitização faz com que muitos estudantes não enxerguem que muita coisa dentro da UEPa está errada.

Primeiramente, a falta de estrutura básica que se deve ter dentro de uma Universidade, como salas de aula suficientes, materiais multimídia e até mesmo, canetas para escrever nos quadros, são notoriamente vistos e, por conta desse desinteresse dos estudantes para os problemas enfrentados por eles, encaram isso como algo normal, o que é absurdo. Se a população brasileira tem o direito garantido constitucionalmente de ter uma educação pública, gratuita e de qualidade, o governo deveria oferecer o mínimo de infra-estrutura para que isso ocorra.

Outro problema sério enfrentado pelos estudantes (e que também é encarado como 'normal'), é o total desrespeito dos funcionários para com os interesses ou mesmo necessidades dos estudantes. Afinal, é inadmissível que os interesses estudantis sejam atropelados por qualquer motivo. O descaso é tanto que é comum alguns estudantes serem taxados como "chatos" por reclamarem do que está errado, e estes acabam por serem boicotados covardemente pelos nossos administradores.

O que se deve fazer para mudar esse quadro? É papel dos CA's da Universidade estarem engajados na luta pelo interesse dos ESTUDANTES, sem se vender covardemente para os que não têm interesse pela nossa causa. E não é apenas de ir brigar por um espaço ou por material, mas sim de mudar toda a mentalidade de "ensino médio" que muitos estudantes possuem mesmo dentro da Universidade. Só assim, poderemos dizer que a UEPa é uma Universidade de verdade.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Jubileu de Prata dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UEPA: Algo a comemorar?

Chegamos a mais uma comemoração, a mais um ato festivo na Universidade do Estado do Pará. Neste mês, os cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional comemoram seus 25 anos de existência no norte do país. Pioneira na implementação destes cursos, a UEPA deve realmente comemorar seu feito. Mas será que a atual realidade destes cursos corresponde a toda força que seus pioneiros realizaram para que seus sonhos se transformassem em realidade? Será que os estudantes destes cursos estão recebendo uma educação que esteja à altura da comemoração de tal evento?



As condições que a educação brasileira tem apresentado configuram-na de forma precária. Passamos por um período em que a educação tem tomado pouca importância, tanto para os governos federal e estadual, quanto para as prefeituras. Isso pode ser percebido pela pouca e defasada estrutura das escolas, salários vergonhosos dos professores, material didático que não atendem às demandas estudantis, ausência de profissionais capacitados nos atendimentos nas escolas, além da ausência de uma permanente capacitação para os profissionais que já atuam na rede pública de ensino.

Esta lógica se dá a nível nacional, com raras exceções.



E na Universidade pública brasileira a realidade não é diferente. Percebe-se o total descaso com a estrutura física, falta de docentes, pouco material didático, pouco comprometimento das administrações superiores para com os estudantes, etc. E isso tem se agravado com a implementação de políticas educacionais do governo federal, como o REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e demais cortes de verbas que deveriam subsidiar as universidades (como ocorrido recentemente o Governo do Estado).



Na UEPA não sofremos com o REUNI. Porém, a realidade não tem sido diferente de outros locais, onde sentimos na pele o que é ser estudante da Universidade pública. São muitas as dificuldades enfrentadas, por exemplo, pelos estudantes de Fisioterapia e Terapia Ocupacional:



a) Estrutura física: percebemos que ainda persiste a problemática da falta de salas de aula. Temos presenciado turmas tendo aula no hall da cantina do campus II por não ter sala de aula suficiente para atender o número de turmas existentes. Sabemos que isso se deve a uma priorização de cursos em detrimento de outros. Mas o argumento não deve ser esse, deve-se, na verdade, é garantir estrutura de qualidade para todos.



b) Quadro de professores: ainda sofremos (e muito!) com o quadro de professores reduzidos nestes cursos. Além disso, poucos são aqueles que possuem alguma pedagogia que propicie a aplicação de um conhecimento qualificado. É necessário entender que os docentes devem ter capacitação contínua para a formação de futuros profissionais socialmente responsáveis e realizar imediatamente concurso público para admissão de novos docentes.



c) Ensino: a formação nos cursos da saúde, de modo geral, por mais que tenham passado por reformulações, ainda possui um direcionamento positivista, voltado para a técnica da Ciência. Por mais que seja necessário (e isso não devemos negar), deve-se entender que esta não é a saída para a saúde pública no Estado. Devemos formar profissionais voltados à atenção comunitária, pautados nos princípios e diretrizes do SUS. É mais do que provado que o modelo hospitalocêntrico não resolve as principais mazelas de nossa sociedade. Dessa forma, precisamos de um ensino que esteja pautado nas reais necessidades da população e não nas demandas mercadológicas. E isso é dever da Universidade pública.



d) Pesquisa: a UEPA ainda é débil em produção de conhecimento. E isso não se deve à sua pouca idade, mas sim à falta de priorização no incentivo à pesquisa. Os cursos de saúde, em especial Terapia Ocupacional e Fisioterapia, devem produzir conhecimento para além do que já é produzido. Os estudantes necessitam de iniciação cientifica para aplicação de seus conhecimentos e geração de novos saberes. Ainda são poucas as bolsas de incentivo à pesquisa e devemos exigir mais, com um processo seletivo transparente, sem privilegiar alguns estudantes em detrimento de outros.



e) Extensão: é a aplicação do conhecimento produzido dentro da universidade na sociedade. Na UEPA, são poucos os editais para Extensão e, quando abertos, possuem tempo muito curto de abertura e são colocados em períodos não letivos (como ocorreu no ano de 2009). Devemos garantir mais bolsas de extensão, fazendo com que todos os interessados possam usufruir da experiência de construir e implementar um projeto de extensão. A UEPA ainda possui poucos projetos de extensão frente a número de estudantes que ela possui. Além disso, tais projetos devem estar pautados nas necessidades da população, tornando a UEPA um agente modificador da realidade.



f) Biblioteca: sabemos que houve um grande avanço no acervo bibliográfico. Mas o estudante ainda sente necessidades quanto ao número de exemplares, por exemplo, e até mesmo na renovação destes, muitas vezes defasados e precários (faltando folhas nos livros). Devemos fazer com que a biblioteca do campus II atenda às demandas dos cursos que ali se encontram, propiciando um acervo qualificado e com um bom número de exemplares.



g) Centros Acadêmicos: são entidades representativas dos estudantes que servem para defender e expandir os direitos destes. Há muito tempo CAFISIO e CATO são desrespeitados neste centro, poucas vezes são ouvidos pela administração e, para fazerem valer sua representação, por vezes são obrigados a tomarem medidas mais incisivas e garantir sua participação (como ocorreu no ato comemorativo do jubileu de prata, onde se queria retirar as falas de CAFISIO e CATO). Ainda assim, estes centros acadêmicos têm mostrado sua importância e respaldo.



Os problemas são muitos ainda a serem elencados (laboratórios, cantina, falta do restaurante universitário, falta de uma política de permanência estudantil, laboratório de informática, etc), e muitas vezes nos faz parecer pequenos. Porém, devemos entender que também é responsabilidade nossa fazer com que a UEPA seja referência para a sociedade paraense. E o passo inicial é nos organizarmos nos centros acadêmicos que são legítimos instrumentos dos estudantes, aglutinando e fazendo com que este paute demandas da realidade do curso e da Universidade.



A comemoração deve ser feita. E de forma alguma devemos deixá-la de fazer. Entretanto, devemos olhar para o nosso passado, comparando com o presente e fazendo apontamentos assertivos para o futuro, para que daqui a mais 25 anos não olhemos para o passado percebendo que os problemas continuam sendo os de 25 anos atrás.



Bruno Jáy Mercês de Lima
Coordenador Geral DCE UEPA
Coletivo Romper o Dia!
Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem - ENEEnf