segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma visão da tragédia da 3 de maio...

Dia 29 de janeiro de 2011, 14h. Tarde de muita chuva na capital paraense. Um prédio em construção desaba na tavessa 3 de Maio, no bairro de São Brás. Como saldo, temos uma pessoa morta (confirmada oficialmente), duas pessoas desaparecidas e NENHUM culpado até agora.

Primeiramente, o que mais nos perguntamos é sobre os reais motivos deste prédio ter desabado da maneira que desabou. Afinal, quem assistiu as entrevistas dadas pelos construtores, viu que eles disseram nada ter havido de errado no processo de construção. Entretanto, só quem vive o dia-a-dia da obra (operários, moradores próximos, etc.), sabe o que realmente pode ter havido. Não é possível afirmar que nada havia de errado com o prédio e este desabar sem mote aparente. Engenheiros incopetentes, um conselho regional inoperante e omisso, a ganância do mercado imobiliário e a falta de responsabilidade da empresa para com seus clientes, são motivos mais coerentes para se falar. Dizer para todos que a culpa é da chuva, do vento e afins, é querer chamar a população de burra. Sendo assim, preferiria morar na rua, já que eu acho que nada desabaria em mim...

Segundo: O papel da imprensa da cobertura deste fato trágico. A forma como estão sendo veiculadas as notícias são das mais variadas, quase sempre irresponsáveis ou então sensacionalistas. Afinal, classifico a imprensa, não só local, mas nacionalmente falando, como imprensa "abutre". Sim, porque se observarmos bem, seria como colocar esta tragédia como o fim dos tempos. Não que isso não seja de fato mostrado, entretanto, que se tenha mais respeito para com as pessoas que estão DIRETAMENTE envolvidas com o desabamento. Incomoda, sinceramente, repórteres estarem em cima das pessoas vítimas, parentes de vítimas e afins para colher informações. Respeito é algo que falta MUITO na imprensa local, principalmente.

Terceiro: O papel do governador nesta tragédia. Como foi esperado e exigido, o governador Simão Jatene compareceu ao local da tragédia para apurar os fatos e dizer que irá tomar as providências cabíveis ao fato. Mas, se ele fará isso, porque então que ele não faz isso a todos os outros fatos trágicos? Afinal, várias outras tragédias nosso povo viveu (e vive) diariamente no Pará. Incêndios de favelas, enchentes de cidades, assassinatos, chacinas... E não é comum ele aparecer publicamente para dar esclarecimentos à população. Por que será? O povo é um só, sem distinções de classe. Então, que o nosso governador se faça presente em TODOS os momentos. Afinal, vivemos em meio à uma tragédia cotidiana.

Quarto: O que de mais importante foi perdido. A imprensa tem veiculado muitas perdas, entretanto, o que mais se tem falado é da perda material. Tanto que, em uma das emissoras de TV da cidade, foi o que mais falaram. Sim, e quem estava na hora do desabamento? Será que eles têm importância menor do que um carro destruído ou um muro parcialmente derrubado? Pessoas perderam tudo o que construíram. Pessoas perderam que mais amavam. Pessoas perderam o que há de mais importante, que é a própria vida. Até parece que é uma tentativa de acobertar o que há de mais podre dentro da indústria da construção civíl no Pará...

Portanto, é preciso que se pense melhor o que foi, de fato, a tragédia da 3 de Maio. Afinal, se criar uma opinião própria do ocorrido é a melhor maneira de achar os verdadeiros responsáveis.

Um comentário:

  1. Estais de parabéns companheiro (e grande amigo). Esta foi a primeira nota que vi abordar o tema de forma verdadeira compreensiva e solicita com as vítimas do acidente e ao mesmo tempo criticando com veemência aqueles que são diretamente culpados e aqueles que fazem desta tragédia um circo.

    sem mais.

    Att;

    Bárbara Carneiro.

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