quinta-feira, 26 de março de 2009

TV

Conversava com a minha cunhada à respeito do que escrever no meu blog. Afinal, eu estou meio que sem idéias interessantes para escrever. Penso muito, não organizo nada. E ela teve a brilhante idéia de falar sobre TV.

Tema interessantíssimo. Nunca mais tinha escrito algo tão corriqueiro em tons críticos. E o que falar da TV? Afinal, eu nem assisto mesmo os big brother's, faustões ou gugus da vida. Assim, como eu não vejo, sou adjetivado com chato ou coisa parecida. Sim, eu sou chato.

Sou chato, mas mudo sempre a minha "programação", não gosto de cair na mesmice, no corriqueiro, no comum. E é isso que acontece com a maioria das pessoas que assistem TV: ficam monótonas, sem assunto interessantes para discutir. Afinal, as novelas são tão "interessantes" que acabam por roubar todas as nossas palavras, nossas idéias. Sabe aquela música do Titãs, que fala que "a televisão me deixou burro, muito burro demais..."? Pois sim, é o que acontece com a maioria esmagadora. Mas tudo bem, eu sou chato mesmo.

Outro ponto: dizem que é importante assistir a Tv por conta dos telejornais. Informação é sempre bem-vinda. No entanto, ninguém seleciona o que assiste. Grande parte do que vemos é de alguma forma manipulada, onde atendam determinados interesses de determinados grupos, o que às vezes causa conflitos abertos mesmo. Prova disso é o que está havendo entre a Folha de São Paulo e a Rede Record, onde nessa história está envolvido até a Rede Globo. No final, ninguém sabe de nada, e todos querem ver a novela que passa depois das notícias e o "paredão" do Big Brother. Por falar nisso, quando terminará esse "show do ridículo humano"?

Enfim, eu adoro ser chato. Afinal, ser chato é ter conteúdo. É ser, de certa forma, interessante aos ouvidos de quem escuta. É sempre ter um assunto na ponta da língua. E para terminar esses meus "mandamentos", cito um trecho de uma música do Gabriel, o Pensador: "A programação existe pra manter você na frente, na frente da tv, pra te entreter, que é pra você não ver que o programado é VOCÊ!"

Quer ser mais um programado ou quer ser um chato?

sexta-feira, 20 de março de 2009

ouvir x escutar

A língua portuguesá é realmente maravilhosa mesmo. É tão maravilhosa que é capaz de fazer com que duas palavras sinônimas possam ser abordadas em sentidos diferentes. Hoje eu percebi isso.

Mais uma vez, a aula de psicomotricidade foi o palco do espetáculo de pensamentos que me veio à cabeça. Depois de ir para Santa Casa pastar (a professora não deu aula), voltar para a UEPA, resolver ou receber os problemas de lá com o CAFISIO e uma aula prática de RTM (a melhor parte da manhã, fui até elogiado), fui com aquele pensamento: "Espero que a aula não seja chata, pois eu não agüento mais..." Eu realmente estava muito cansado para qualquer coisa hoje.

Começou a prática, onde os alunos deveriam ESCUTAR a pulsação dos colegas com o ouvido, sem o estetoscópio e em determiadas partes do corpo: braços, pernas, abdomen, braços e peito. Fiz com minha amiga Nathália, que deitou e tive que ESCUTAR as pulsações dela. Sentir o pulsar das artérias ou mesmo do coração dela foi o que consegui.

Daí, vieram os comentários da professora. Ela fez uma colocação interessantíssima sobre escutar e ouvir. Ela diferenciou que o OUVIR é apenas dar ouvidos ao que se fala, mas não ter a capacidade de sentir o que está sendo colocado juntamente com as palavras, ou seja, algo completamente mecanico. Já o ESCUTAR é sentir o que se fala. Saber usar as palavras corretas ao que nos está sendo dirigido. É o que seria o dever de um amigo: escutar, sentir o que o outro sente e saber falar o certo no momento exato.

Estive pensando: será que todos escutam? Será que EU escuto? Não me exluo desse questionamento, afinal, nunca chegaram comigo e falaram o contrário. Todos se dizem amigos nossos, mas alguns mesmo que sabem nos escutar. Estes seriam os verdadeiros amigos. Bom, eu sei que os tenho. Querer aprender a sentir o que ouvimos é importante, é fundamental para que qualquer relação seja frutífera. Necessidade quase vital para nossas vidas.

E você? Ouve ou escuta?

sexta-feira, 13 de março de 2009

nostalgias...

Todos nós temos o costume de lembrar de passados... Pode ser a lembrança mais doce ou mais amarga, sempre esses "flashes" vêm na nossa mente... E hoje foi esse dia e lembrar.

Hoje tivemos aula prática de psicomotricidade. À princípio, pensava eu ser uma das disciplinas mais chatas que tinham dentro do 3º ano de Fisioterapia. Mas o que poderia fazer? É disciplina da grade curricular, tem que assistir aula. E lá fui rumo à sala 15 da UEAFTO.

Cheguei atrasado (já é quase um praxe). Todos estavam lá, com seus respectivos pares para a dinâmica. Quando cheguei, fez-se número ímpar de alunos, ou seja, meu par seria a professora. Tudo bem, reclamar seria uma ofensa! Daí, ela manda eu deitar na posição fetal (para quem sabe, decúbito lateral com flexão de quadril e de joelho a 90°, na forma leiga: se deitar de ladinho e se encolher). Deitei. A professora me colocou no colo e me manda relaxar. Começou a melhor parte...

Ela começou a fzer todo um resgate mental nos alunos que estavam deitados (inclusive eu), através de palavras, músicas de ninar e toques suaves. Essa combinação me fez trazer lembranças. Lembranças das quais pensava não ter capacidade de resgatá-las. Passou um filme da minha infância toda, desde quando eu viajava para Cametá, na casa da minha avó, quando viajava de navio que saia do porto do Sal às 19:00h, chegando em Cametá às 05:00h da manhã. Parecia que eu sentia o cheiro do pão cametaense, junto com o café da minha avó, quando chegávamos lá... As brincadeiras com meus primos naquela rua de terra batida na frente da casa... Via meu avô trabalhando na oficina e minhas primas no andar de cima, nos quartos... Via as galinhas correndo dos meninos que caçavam para matá-las ou simplesmente por "esporte". Belos tempos.

Isso me mexeu por completo. Afinal, as únicas lembranças que eu tinha eram do tempo em que meu avô adoeceu, minha avó morreu... Toda a quebra dos pilares da família. Como a professora falou, os sofrimentos são mais fortes na nossa mente do que as boas lembranças. E realmente são. Minhas saudades só me rondavam a alma por causa desses fatos negativos que aconteceram, que me fizeram chorar outrora. E não dava valor àquilo que me fez feliz, que foi simples, mas que foi de uma importância singular no meu crescimento. Toda a felicidade que senti quando criança, todo o amor que eu recebi durante meus tempos áureos. Confesso que senti uma vontade imensa de chorar, mas a conti. Depois, noutra oportunidade, extravasei.

Foi magnífico. Eu criei uma forma saudável de sentir saudade, de lembrar daquilo que me fez feliz e que me faz sorrir a cada lembrança. Quem me dera ter tido essa experiência antes, talvez não sofresse tanto em épocas de turbulência da minha alma. É, aprendi a ter saudades...

quinta-feira, 12 de março de 2009

comum...

É... Hoje, mais um daqueles dias comuns e inativos. Só de acordar, já bateu o tédio.

Primeiro que minha mãe me levantou cedo e me deu apenas R$2,00 para ir à UEPa, malmente o dinheiro da passagem. Enfim, eu sei andar com pouco dinheiro mesmo. Beleza, vamos para aula de Eletroterapia prática.

Me arrumo todo para pegar choque e sentir sensações de formigamento com a aplicação de corrente galvânica, do tipo direta, sendo que um dos seus efeitos eletrofisiológicos são a hiperemia e aumento da circulação do local da aplicação da técnica eletroterapêutica (entenderam?)... Depois, um intervalo de uma hora para aula de metodologia (que quase virou lenda). E a fome apertando... Vamos ao CAFISIO.

Lá, penso eu que teria algo para fazer, estavam sem nada para fazer... O Aldo e a Lílian estavam pesquisando para o TCC deles. Eu? Pastando, afinal, ainda estou no 3º ano. Só fui pedir para a Lílian trazer algo para comer da casa dela às 15:00h, quando nos reuniríamos. É, virei indigente dentro da UEPA... hahahaha

Começa a aula de metodologia. De cara, gostei (espero que seja assim o resto do ano). Começamos discutindo logo o porquê d'eu não gostar do meu 1º nome (José). Fiz toda uma interpretação do meu nome (inspirada no texto de Carlos Drummond de Andrade). Idéia de comum, corriqueiro... Sabe, monotonia, ou seja, algo que eu não gosto de demonstrar e que eu gosto sempre de fugir. Achei o máximo essa discussão!

Depois, no decorrer da aula, ela toca no assunto problemas da Fisioterapia... Nossa, assuntos críticos são fantásticos! Vamos discutir... É a minha área dentro do CAFISIO. Argumentos aqui, acolá... A professora pede uma dissertação sobre esse assunto. Quase tive um orgasmo mental! Acho que foi a parte mais emocionante do dia...

É o que dizem por aí: se tem ápice, tem depressões... É, o dia voltou a ser monótono de novo. Nem a reunião das 15:00h e o pão que a Lílian trouxe me empolgaram (reuniões me deixam muito agitado). Tédio mode on.

Chegar em casa, tomar banho, computador, relatório para reunião geral do COPAF amanhã, falar com pessoas que tentam tornar meu dia interessante (apenas algumas conseguem)... Enfim, é aquela velha rotina. É COMUM!

terça-feira, 10 de março de 2009

Sem sorte no jogo, feliz no amor... Será?

Om miHoje conversei com uma amiga minha... Foram apenas 30 minutos de conversa, bastantes para colocar vários assuntos em pauta (por isso que adoro conversar com ela).

Acordei com uma sensação de tristeza... Sim, algo que de vez em quando me cerca e, ás vezes, me sufoca. Vontades leves, moderadas ou incontroláveis de chorar são comuns, dependendo do estado de espírito (e da pessoa também, tanto a pensante quanto a pensada). No meu caso, é de pessoa pensante e pensada. É normal para mim ter essas sensações, própria natureza minha. E fui levando o dia: aulas, uma visita ilustríssima, conversas pessoais... E despedidas, com sintomas de saudades explicitamente claros em meus olhos.

Daí, tenho a magnífica idéia de ligar para minha amiga. Peguei o telefone da direção, inventei uma história completamente fajuta para efetuar a chamada. Segui rumo ao CCSE. Peguei chuva, muita chuva. Já nem me importava mais com os sapatos molhados, que dão mau-cheiro no pé quando tirado. O que eu queria era mesmo uma companhia para minhas palavras e pensamentos vagos, mas coesos e coerentes. Nos encontramos e falamos sobre nossa "falta de sorte no amor". Só ela mesmo para me escutar...

Meus prantos se continham externamente, mas se libertando internamente. Confesso que tenho vergonha de chorar na frente de alguém, mesmo essa pessoa sendo muito importante para mim. Não consigo me "libertar". Ela tocou em um ponto interessante, que fiquei analisando depois: "Por isso que estou fechadinha para balanço..." Será que essa seria a solução para mim?

Uma reforma, se bem feita, pode ser liberada sem problemas de algo dar errado. Construir um pilar forte é essencial para sustentar qualquer tipo de peso ou impacto. O ponto a ser tocado é: Quem garante que esta reforma está completa? Ela está bem-feita? Quem construiu esse pilar? Perguntas como essas, de aparência tão simples, mas de uma complexidade ímpar, dependem muito da segurança de nossas escolhas (leia-se: quem escolhemos para fazer essa reforma).

É... Quando será que essa reforma vai acabar?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Aniversário

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

(Fernando Pessoa / Álvaro de Campos)

terça-feira, 3 de março de 2009

As metáforas nossas de cada dia!

Adoro metáfora... É a melhor "invenção" da língua portuguesa inventada até hoje. E tem gente que ainda não gosta...

Eu perdi as contas de quantas vezes eu usei metáforas em alguma conversa... Afinal, é o meu recurso, minha arma (uma das melhores) em alguam conversa ou discussão. Uso sempre esse artifício.

Existem pessoas que são metáforas. Tiro pela minha cunhada (ela vai adorar saber disso), que acorda pensando em alguma metáfora para escrever ou pelo menos para falar para alguém! E eu me orgulho disso, pois não são todas as pessoas que sabem usar o idioma que dizem dominar, mas que não sabem usar nem ver outro sentido na mudança de uma vírgula dentro de uma expressão. É, o português, idioma tão rico e tão apreciado, consegue ser imbecilmente menosprezado.

Sim, menosprezado. Uns descerebrados falam que é frescura e coisa e tal... Mas colocam trechos de músicas em seus nick's de msn ou em seus perfis de orkut, sem ao menos desconfiar que aquilo seja uma metáfora... É, dói ver esse paradoxo brutal aos apreciadores da língua portuguesa.

Vamos imaginar o mundo sem metáfora? Vamos pensar um pouco: uma música (seja lá qualquer que seja, menos os lixos da indústria cultural), é riquíssima em metáforas bem trabalhadas, das quais nos encantam os olhos e os ouvidos. Sem metáforas, o que se queria dizer nelas ficaria tão insossamente direto que perderíamos todo o gosto por música que nos é peculiar e tradicional. Os livros não teriam graça; os grandes romances camilianos, shakespeareanos, camoneanos, dentre outros não seriam tão lindamente escritos e tão saborosamente apreciados (particularmente, não leria mais)... Até Charles Chaplin não seria o grande gênio que encantou (e encanta) gerações com seus filmes, peças, obras e frases...

É... Acho que seria impossível viver sem uma metáfora. Nós vivemo-as, respiramo-as... Nosso esconderijo secreto, nossa casa dentro de nossos pensamentos vagos, nosso trem com destino ao além-mar, enfim...

Você já fez sua metáfora hoje?